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quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vozes e sensações







 Vozes e Sensações


Aqui da janela dos meus olhos,
Há vida à vista: 

Em cada gota de água sombreada de aurora e ternura,
Desfilam lágrimas com chuva à mistura,
Corrente que alinha o musgo e o liquen mais atrás,
Solta leves reflexos de brilhos prateados em lilás.
Água de lustro, que na areia cristalina transparece,
Toda a paisagem que uma cascata enobrece.
Ora inibe, ora impele, acalma e aplana,
Numa breve pose moderadamente humana…!

Aqui do átrio dos meus ouvidos,
Há vida à escuta:

Enevoada, germinante e decadente,
É cada folha que luta por luz solar,
Recua e avança, suave e reluzente,
Buscando espaços para habitar.
Da cor do horizonte no Sol poente,
É o bailado agreste de qualquer árvore,
Compondo música, com o talento que sente,
Chamando a noite, enquanto o dia desfalece…!

São vozes e sensações:
      
Que tentam entrar,
Logo irão sair…
Porque não as posso guardar,
Tenho de as deixar ir…
Não se importam nem se estorvam,
Mas não são uma tela, paleta ou canção.
Apenas flúem e flutuam,
Nesta fronteira entre a mente e o coração…!

( Depois fecha-se a janela e o átrio, que ensonados contam seus sonhos um ao outro.
 E perguntam: - Será que a Natureza é eterna? Ou…n…zzz )


OBSERVAÇÃO:
 dedicado a todos os invisuais e surdos que expressam sensações, mesmo sem as ver ou ouvir.
 E também a todos os visuais e ouvintes, que às vezes,  parecem viver sem sentir…


Poema da autoria de  José Teixeira 
(Professor de Educação Especial- Agrupamento Gil Paes)



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