“Não há,
não,
duas folhas
iguais em toda a criação.
Ou nervura
a menos, ou célula a mais,
não há, de
certeza, duas folhas iguais”
António
Gedeão
PARALISIA CEREBRAL
Definição
A paralisia cerebral é um termo que
designa um grupo de desordens não progressivas, que ocorrem nas crianças, cujas
dificuldades motoras se devem a uma lesão no sistema nervoso central.
França (2000)
Causas
•
“falta de oxigénio antes, durante ou após o
nascimento;
•
hemorragia no cérebro;
•
intoxicação ou envenenamento por álcool ou
drogas usadas pela mãe durante a gravidez;
•
trauma cefálico resultante do parto, de uma
queda, de um acidente de viação ou outro;
•
distúrbios metabólicos (por exemplo, icterícia
grave, baixos níveis de glicose);
•
infeções do sistema nervoso, como a encefalite
ou a meningite”.
Gersh (2007, p.22)
De entre as várias
características, Ferreira et al. (1999) referem três mais gerais. Assim, temos:
·
a incapacidade
motora – a reduzida mobilidade e as dificuldades de manipulação não permitem
construir um pensamento organizado e um adequado desenvolvimento cognitivo;
·
a incapacidade de
produzir fala articulada compreensível – constitui um obstáculo ao ensino e à
comunicação com o meio que rodeiam os alunos com esta problemática;
·
a presença de
défices sensoriais e percetivos – afetam consideravelmente a apreensão da
realidade.
Esta
deficiência afeta a atividade e participação de forma complexa: ao nível da
mobilidade, da realização motora das tarefas, da aprendizagem, do
relacionamento e comunicação com os outros e, por outro lado, ao nível da sua
autoimagem e autoestima.
Em idade escolar, a criança com
Paralisia Cerebral deve ser apoiada por um professor de Educação Especial cuja
função é desenvolver competências sociais e cognitivas. Ele deverá ainda
descobrir o tipo de aprendizagem subjacente às capacidades do aluno, por forma
a potencializar na criança as aprendizagens das interações com as pessoas e os
objetos. É também da competência do professor de Educação Especial o ensino de
formas de comunicação, de maneira a que a criança consiga comunicar as suas
necessidades.
Relativamente
ao Decreto-Lei que regulamenta a Educação Especial, Decreto-Lei nº3/2008, de 7
de janeiro, é referido que os apoios especializados podem abranger adaptações
de conteúdos e estratégias, mas também a utilização de tecnologias de apoio.
Considera-se
que as novas tecnologias são fundamentais na aprendizagem e recuperação de
alunos com necessidades educativas especiais, uma vez que facilitam a aquisição
de competências que as crianças não conseguiriam adquirir sem as ajudas
tecnológicas.
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA – COMUNICAR
COM SÍMBOLOS
A Comunicação Alternativa e
Aumentativa é, por conseguinte, todo o tipo de comunicação que aumente ou
auxilie a fala.
De acordo com Costa e Correia (2009), o software
educativo “Comunicar com Símbolos” é um processador de texto e símbolos baseado
nos símbolos da Widgit, tendo sido
traduzido e adaptado para a língua portuguesa. Este software inclui mais de
10000 símbolos para a literacia da Widgit,
podendo ser aplicáveis a cor ou a preto e branco, e uma biblioteca organizada
por temas com mais de 1500 imagens e fotografias.
Imagem
1 – Página inicial do
software educativo
Este software pode ser utilizado pelos alunos com
recurso ao teclado, ou pelo docente, por forma a motivar a aquisição e
consolidação do mecanismo da leitura e da escrita. O educador ou professor tem
a possibilidade de produzir materiais de suporte pedagógico diversificados e
motivadores para os alunos com dificuldades de aprendizagem, podendo recorrer a
diferentes níveis de interface: do mais fácil ao mais complexo. Estes
interfaces são personalizáveis e adaptáveis às diversas situações,
Imagem 2 – Tipos de interface; Formas de utilização do
software
Imagem
3 – Principal funcionalidade:
simbolização inteligente
Ao escrever o texto, surgem automaticamente os
símbolos correspondentes ao seu significado. É, pois, utilizada uma tecnologia
inteligente que analisa a gramática da frase, selecionando, de imediato e
corretamente, o símbolo que corresponde a essa frase ou expressão.
Simultaneamente, o programa dá a possibilidade de ouvir o que se escreve e de
utilizar o corretor ortográfico.
Imagem 3 – Atividade:
descrição física do Ricardo
Imagem 4 – Atividade
de introdução à sessão
Imagem 5 – Os frutos e legumes por estações do ano (outono)
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6 – Resposta
à pergunta “Como te sentes hoje?”
A escola inclusiva, centrada na sala de aula como um
todo, promove a diversidade dos alunos e os ritmos e perfis de aprendizagem são
respeitados e tidos em conta na planificação e gestão do processo de ensino e
de aprendizagem. Cabe aos docentes experimentar e adequar estratégias de
intervenção e acreditar no potencial dos seus alunos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
CORREIA, P. &
PINTO, T.
(2009). Comunicar com Símbolos – Manual de Utilização. Cnotinfor
FERREIRA, M. C. T. R.; PONTE, M. M. N. &
AZEVEDO, L. M. F. (1999). Inovação
Curricular na Implementação de Meios Alternativos de Comunicação em Crianças
com Deficiência Neuromotora Grave. Lisboa: Secretariado Nacional para a
Reabilitação e Integração de Pessoas com Deficiência.
FRANÇA, R. A.
(2000). A Dinâmica da Relação na Fratria da Criança com Paralisia Cerebral.
Coimbra: Quarteto Editora.
GERSH, E. (2007). O que é
paralisia cerebral? In E. GERALIS (org.). Crianças com Paralisia
Cerebral. Um guia para pais e educadores (pp 15-34). Porto Alegre: Artmed.